Bonequinha de Luxo_Breakfast at Tiffanys_

Breakfast at Tiffanys é um livro estadunidense, de Trump Capote, que foi publicado em 1958. Tendo seu roteiro adaptado por George Axelrod para o cinema em 1961. O filme que se tornou um clássico, foi dirigido por Blake Edwards e estrelado pela atriz Audrey Hepburn, que protagoniza a personagem Holly Golightly.

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Bem, como até o momento, não tive a oportunidade de ler o livro. É do filme que vamos falar nessa análise.

Breakfast at Tiffanys, em português Bonequinha de Luxo retrata a história de uma acompanhante de luxo, ou seja, uma garota de programa, na década de 60.

Por se tratar de um filme de época, em nenhum momento mostra a atriz em cenas explícitas de sexo, no ato da prostituição em si, apenas deixa subentendido quando ela aparece acompanhada de diferentes homens  e diz receber 50 dólares para acompanhar cavalheiros ao toalete, nas cenas Holly aparece fugindo dos  seus clientes nos finais dos encontros. Dando ao filme um pincelada de delicadeza e ternura, pois trata um tema tão polêmico com leveza e graciosidade.

Holly Golightly casou-se aos 14 anos, mas fugiu de casa, deixando para trás sua vida pacata no interior, abandonando o marido, enteados e o tão querido irmão, Fred, para tentar uma vida melhor na grande cidade.

Certa vez quando questionada sobre seu casamento, Holly diz ter anulado o casamento, mas mesmo assim, mais tarde seu esposo aparece para buscá-la, e tenta levá-la de volta.

Quando chegou na cidade, Holly primeiro foi para Hollywood, na Califórnia, tentou realizar seu desejo de ser tornar atriz, mas logo deixou o desejo de lado, passando a sonhar em casar com um milionário.

Assim, como seu agente descreve em uma festa para Paul, se referindo a ela como impostora, dizendo que ela cria histórias e que de repente ela foi parar em Nova York.

Assim então, foi transformando tudo que remetia lembranças do passado pobre, inclusive, seu nome, que antes era Lula Mae para Holly Golightly, mudou também seu corpo, se tornando uma mulher mais magra e elegante. Essa transformação notamos quando seu ex marido ao reencontrá-la, diz que ela está muito magra e precisava se alimentar, assim pediu para que o Paul, chamado por ela de Fred, alimentá- la bem.

Holly mudou também o jeito de falar caipira, passou a imitar o sotaque francês, assim então também conseguiu perder o sotaque do inglês caipira,segundo seu agente, antes ela falava inglês com muito sotaque.

Aprimorou seu jeito sofisticado para se infiltrar ainda mais na “High Society.”
Usava vestidos e sapatos finos, jóias presenteada por seus clientes ricos.
Holly fez de tudo para mudar seu passado sofrido e miserável, tendo na lembrança apenas seu irmão Fred, que se alistou no quartel, assim que ela fugiu. Ela não teve mais contato com seu irmão, mas esperava o momento que ele saísse do quartel para morar na cidade com ela, mas isso não aconteceu, pois mais tarde ela recebeu um telegrama com a notícia que ele falecera em um acidente de carro.

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Holy morava sozinha em um pequeno apartamento, em Nova York, que seu agente se referiu como espelunca, ela não tinha muitos móveis, pois sonhava em um dia ter sua casa própria, vivia na casa em meio a desorganização, como se tivesse sempre pronta para partir para outro lugar, tinha um gato que não tinha nome, dizia que não tinha direito de lhe dar um nome, pois não pertenciam um ao outro e assim seguia a vida.
Holy se negava a criar vínculos, podemos notar claramente ao observar seu apartamento com muitas malas espalhadas pela casa, quando se perde nos horários e dias da semana, quando evita se apaixonar, pois acreditava que amando alguém se tornaria prisioneira e não queria viver em uma jaula. Assim que ela via o amor.

“Holly – Não sou Holly. Não sou nem Lula Mae. Não sei quem eu sou. Sou como esse gato. Somos dois coitados sem nome. Não pertencemos a ninguém e ninguém pertence a nós. Nós nem sequer pertencemos um ao outro (…).”

Holy era mensageira de um mafioso que estava preso, ela na sua ousadia e inocência lucrava com isso, pois ele pagava Holly toda vez que o visitava. E ele também pagava o aluguel de Holly. Por ser mulher e graciosa, não levantava suspeitas, mas ainda chegou a ser presa por uma noite, por esse envolvimento com o mafioso. Paul correu  e pediu ajuda ao agente e advogado que sempre estava por perto de Holly, e assim ela foi solta da prisão.

Paul, era o vizinho de Holly, que ela logo no inicio passou a chamar de Fred, por desenvolver um afeto por ele, usou como desculpa que ele lembrava um pouco seu irmao, assim se tornaram amigos muito próximos, mas Paul acabou se apaixonando por Holly e  ela por ele, mas ela negava essa paixão, pois não queria se envolver.

“Paul – Holly, estou apaixonado por você.

Holly – E daí?

Paul – E daí?! E daí muita coisa. Eu a amo. Você me pertence.

Holly – Não. As pessoas não se pertencem.

Paul – Claro que sim.

Holly – Ninguém vai me pôr em uma jaula.

Paul – Não quero colocá-la em uma jaula. Eu quero amá-la.

Holly – É a mesma coisa.

Paul – Não é não. Holly…”

Certo dia combinaram de fazer coisas que nenhum dos dois jamais havia feito antes.
A partir desse momento podemos observar no filme que muitas vezes a felicidade é fantasiada de maneira errônea,  como algo distante e difícil de se encontrar, mas para tê-la é mais fácil do que se pode imaginar, pois o mais importante não é onde você está e sim com quem você está, pois você pode está dentro de uma loja de bugigangas brincando com objetos sem muito valor e tornar aquele momento inesquecível.

Saíram usando as máscaras que roubaram a loja, como se nada tivesse acontecido, brincando com a situação.

Às máscaras fizeram uma alusão de como as pessoas usam máscaras para esconderem quem realmente são. Na vida, muitas vezes, usamos máscaras para mostrar para sociedade como gostaríamos de sermos vistos, vivendo um personagem que não nos pertence, mantendo uma luta incessante com nosso interior de ser e não ser.

Em seguida, eles foram até a joalheria Tiffanys e com apenas 10 dólares conseguiram escrever iniciais dos nomes em um anel da sorte.
Algo simples que se tornou marcante e especial. Ela estava no lugar que amava, mas não estava ganhando jóias caras, pois estava com  alguém que passou a ser especial para ela, mesmo sem ela realizar naquele momento, eles puderam compartilhar momentos de satisfação, foi como encontrar ela mesma, pois ele entendeu a importância daquele lugar pra Holly.

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O mais interessante é observar como a história do filme continua sendo atual em nossa sociedade, pois faz uma analogia a vida de muitas meninas, mulheres, sonhadoras no mundo que buscam uma ascensão social através de trocas de benefícios da mesma maneira que Holly fazia, acreditava que a felicidade estava em ascender socialmente.

Cada um tem o direito de decidir a melhor maneira de encontrar a felicidade. Olhando de uma meneira simples e fácil ou complicada e difícil.

Se a pessoa se sente bem vivendo da maneira que vive, então, acho que eu nem ninguém tem o direito de apontar como errado.
Sem levantar bandeira da moralidade, podemos notar um ideal e uma ambição na personagem, desejando conquistar seu objetivo, mesmo que para isso venha abrir mão de valores que a sociedase considera corretos, como o amor e essa ideia de romantismo.

O romance é bonito, o amor é lindo, mas confesso que admiro quem consegue viver sem se apaixonar, se apegar, sem melação, pois de maneira racional as escolhas e decisões tem mais chances de serem certas, agora, tornando minhas palavras dramáticas, o emocional só traz dor, sofrimento e desilusão.
Holly é um exemplo de desapego e amor próprio, pois ela não fica chorando por homens, pelo contrário, ela os faz chorar, não se permitindo se apegar a ninguém.  Será que vale mesmo a pena abrir a mão de um sonho por um amor?!

Cansamos de ver pessoas que fazem isso, depois de anos se arrependem, pois deixaram escapar oportunidades de mudar suas vidas. Quantas vezes já não se ouviu pessoas que são casadas vinte, trinte anos, quarenta anos se lamentarem e dizerem que se pudessem voltar no tempo, não teriam casado. Muitos até preferem viver infelizes ao se separar, pois querem mostrar que estão dentro dos padrões que a sociedade dita como certo.
Nossa sociedade hipócrita e mesquinha, está repleta dessa troca de interesse, mas em nome da falsa “moral e dos bons costumes” a mulher é sempre vista como a vilã da historia quando decide quebrar os padrões e viver de acordo com suas regras.

Se a mulher decide ser independente, despreendida, ousada, com atitudes igual as de Holly que foge do tradicional, passa a ser vista como promíscua e digna desrespeito.

As atitudes de Holly eram um escândalo para época, tanto é que o livro causou bastante polêmica, o filme foi mais romantizado, então, não causou tanto espanto, mas a atriz Marilyn Monroe foi aconselhada a recusar o convite de atuar como Holly Golightly, por se tratar de uma prostituta, pois esse papel não pegaria bem para a carreira da atriz, segundo seu acessor.

Esse filme foi lançado em uma década onde a mulher não tinha mobilização social. Então, de alguma forma ajudou  na quebra de tabus nos cinemas, pois não apenas pelo fato de ela ser uma prostituta, mas sim o fato de ser uma mulher que foi atrás dos seus ideais, foi viver em outra cidade, onde bebia, morarava e saía sozinha. Ainda hoje, isso não é visto com bons olhos, pois vivemos em um mundo hipócrita e machista.

Quanto o homem em nenhum momento é visto como canalha ao receber dinheiro de uma mulher em troca de favores sexuais, que era o caso de Paul. Que mesmo sendo um escritor, recebia dinheiro de uma madame rica por troca de sexo.

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Holly dizia que o único lugar que ela se sentia bem nos dias que sentia para baixo, era a sofisticada joalheria Tiffanys. Onde sempre tomava seu café da manhã.
É claro, que a joalheria faz alusão ao poder e a riqueza que Holly Golightly tanto almejava. E ela se sentia realizada quando estava lá. Era como seu refúgio, onde conseguia fugir dos problemas e apenas relaxar admirando os diamantes.

Paul – Sabe qual é o seu problema, Srta. Quem-quer-que-seja? Você é medrosa. Não tem coragem. Tem medo de encarar a realidade e dizer “A vida é um fato. As pessoas se apaixonam sim e pertencem umas às outras sim, porque esta é a única chance que têm de serem realmente felizes”. Você acha que é um espírito livre, selvagem e morre de medo de ser enjaulada. Bem, querida, você já está nessa jaula. Você mesma a construiu. E ela não fica em Tulip, Texas ou em Somaliland. Ela está em qualquer lugar que você vá. Porque não importa para onde você corra, você sempre acaba trombando consigo mesma.”

O filme termina quando Holly Golightly reencontra seu gato sem nome, que ela havia soltado na chuva e o gato Paul, que ela reencontra na chuva. Chuva essa que simboliza a mudança, transformação.

Por Alessandra Martins

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Um comentário em “Bonequinha de Luxo_Breakfast at Tiffanys_

  1. Bons tempos de Audrey Hepburn!!!! lembro do filme e outros clássicos sobre a Atriz!!!! saudades!!!! Os filmes de antigamente tinham mais carisma e mais arte…hoje em dia para falar do tema os filmes buscam mostrar as mulheres em cenas de nudez. Os filmes atuais demonstram tecnologia, erotismo e sexo explícito…mas falta carisma em muito deles. Bons tempos de Sabrina, Bonequinha de Luxo, A princesa e o plebeu, Quando Paris alucina e outros clássicos de Audrey!!!! bom dia a todos!!!!

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