Estados Unidos pelo Amor é um filme polonês, lançado em 2016, do diretor Tomasz Wasilewski, premiado como melhor roteiro, no festival de Berlim.
Sinopse:
Na Polônia, em 1990, o país vive um momento eufórico de liberdade e incerteza com o futuro. Nesse contexto, quatro mulheres decidem mudar suas vidas e lutar por suas felicidades. Agata (Julia Kijowska) é uma jovem mãe em um casamento infeliz que se refugia em um relacionamento impossível. Renata (Dorota Kolak) é uma velha professora fascinada por sua solitária vizinha Marzena (Marta Nieradkiewicz). Iza (Magdalena Cielecka), irmã de Marzena, é uma diretora apaixonada pelo pai de um dos seus alunos.-
Quando o filme terminou, continuei sentada, na sala de cinema esperando acontecer algo mais, mas não aconteceu, naquele momento me arrependi de ter escolhido aquele filme e fiquei frustrada porque na sinopse falava sobre sonhos e a luta pela felicidade , mas eu não conseguia identificar nada disso na trama. Achei e estranho e fiquei bastante curiosa se eu tinha sido a única a não entender e não gostar daquele filme, mas não tinha como eu saber porquê fui sozinha.
No decorrer da semana continuei pensando no filme e tentando estruturar o que eu iria escrever, pois não tinha ânimo para falar sobre algo que não gostei.
Como assim eu não gostei? O filme foi hiper aclamado e havia recebido diversas premiações. Havia algo errado.
Bem, pensei e repensei e até li algumas críticas do filme. Esse é um tipo de filme que chega no final e voce se pergunta se realmente acabou.
Então, uma semana depois, cheguei a conclusão que eu não havia entendido o filme naquele momento, pois era sim muito interessante, bastante fragmentado, mas com detalhes que mostram claramente nossa sociedade. É um filme intimista e bastante realista. Mesmo se passando na Polônia e no século passado, mostra fatos ainda recorrentes em nossa sociedade.
Destaca a realidade de quatro mulheres, que tem em comum a solidão e a frustração de não fazerem o que realmente querem.
Mostra não a luta por felicidade como diz na sinopse, mas sim o sofrimento por a ausência dela, vivem sob os moldes de uma sociedade machista, sexista e preconceituosa.
Agata é mãe de uma adolescente, vive infeliz em um casamento, durante anos, mantém desejos sexuais por outro homem, vive a hipocrisia da família tradicional, onde o alvo da sua cobiça é o padre.
Renata é uma solitária professora e nutre uma admiração por sua vizinha Marzena, que me parece mais uma admiração maternal. Renata leciona como professora de literatura até ser demitida sem justificativa, tenta outra escola, mas não consegue por está velha demais para trabalhar.
Iza é diretora do colégio que Renata lecionava. Iza é amante do pai de uma aluna que fica viúvo e no momento que ele tem para assumir a relação, ele a rejeita e a agride física e psicológicamente quando ela tenta tornar a relação pública.
Marzena é irmã de Iza e sonhava em ser modelo, mas é professora de aeróbica para idosas, quando ela acha que encontra a oportunidade de ser fotografada e tornar seu sonho real, ela é estuprada pelo fotógrafo, que estupra e sai como se nada tivesse acontecido.
Renata prepara um jantar a espera da vizinha, mas Marzena não aparece, pois estava sendo fotografada, no auge do seu incontentamento Renata vai até a casa de Marzena receber uma explicação, quando chega encontra Marzena dormindo sozinha. Renata limpa as partes íntimas de Marzena e volta para casa.
E o filme termina quando Marzena acorda e chora nua no quarto.
Essa parte do filme que causou mais desconforto e estranheza, pois foi uma sensação de inquietação e revolta.
Quantas Marzenas a gente não encontra todos os dias? Mulheres violentadas, estupradas, que não tem seus agressores condenados. Vítimas da violência física e psicológica constantemente.
Quantas mulheres não sofrem com a opressão e abuso só por serem mulheres?
Quantas não tem seus sonhos, seus anseios interrompidos?
Quantas Agatas, Renatas, Izas e Marzenas não vemos nos nossos dia a dia? Elas representam a ainda hoje a mulher em nossa sociedade, mostra a opressão, discriminação, violência contra a mulher. E se filme nos traz isso com bastante detalhes, essa inquietude com relação a situação. Sensação de impunidade. Mexe com o espectador, desperta a raiva o repúdio as cenas.
Olhando por esse ângulo, é um filme que pode ser considerado brilhante.