Oi, gente! Vamos falar de série. 😉
“Onde há ruínas, há esperança de um tesouro”
Com esta frase inicia o primeiro capítulo de The Get Down.
Há exatamente um ano, a primeira temporada de The Get Down foi lançada. Série que foi dívida em duas partes. Tendo sua segunda parte lançada em 07 de abril de 2017. E venho aqui postar sobre, pois uma série como esta não pode passar em branco. Pode ser que haja alguns spoleirs, mas nada que estrague todas as surpresas da série, pois ela tem tantas peculiaridades artísticas que seria impossível transmitir tudo em uma só postagem.
No dia 12 de agosto de 2016, foi lançado na Netflix umas das melhores séries musicais que já assisti. Embora eu não tenha assistido tantas séries musicais, quero levar em consideração o conteúdo artístico que a série transmite.
As vezes até chego a pensar que esta foi a melhor série de todos os tempos – Sem exageros – é que The Get Down, tem uma pegada de arte que transborda, pena que não teve tanta visibilidade. Acredito que por tratar de um gênero musical, que ainda hoje é recrimado. Fazendo assim muitos não gostarem ou ao menos se interessarem pela história. Claro que ninguém é obrigado a gostar de um ou outro estilo musical, para falar a verdade, ninguém é obrigado a nada, mas conhecer a origem de movimentos culturais, nunca fez mal para ninguém. rs Acredito que pré-conceito foi uma das razões que levou muitos a deixarem de assistir a série.
Quero simplesmente compartilhar um recado aos amantes da arte:
Vale muito a pena, principalmente para aos apaixonados pela poesia, música, dança e grafite.
A série me envolveu do início ao fim, talvez por ter sido baseada em fatos reais, o que me fez muito comparar ao momento que o Brasil está vivendo, em meio a todo caos diário, com toda corrupção e descaso dos governantes por tudo, principalmente pela cultura e educação. Ainda assim, conseguimos encontrar na arte refúgio para gritar, resistir e transformar. Principalmente, no Rio de Janeiro e São Paulo.
Uma verdadeira revolução cultural onde bairros periféricos estão fazendo e expondo arte.
Agitação cultural popular – algo único e muito especial.
E eu, Alessandra, fico feliz em está fazendo parte disto atualmente. E ver isto em The Get Down é fascinante, pois é a exibição da mais pura arte, o que me deixa muito emocionada.
Espero que no Brasil também consigamos criar variadas vertentes artísticas, como ferramentas de transformação assim como aconteceu em Nova York nos anos 70.
The Get Down é a série que terminei de assistir em dois dias, e que tive o prazer de assistir mais uma vezes.
É uma série que provoca risos e lágrimas. Mostra também a forma de se vestir de uma época e que querendo ou não, influenciou também o mundo da moda.
É uma série delicada, com muita poesia, música e dança. Um cenário deslumbrante que nos leva de volta aos anos onde Dona Summer era uma das cantores mais aclamadas.
Para quem ainda não conhece The Get Down vou resumir um pouco do que se trata.
É um drama musical que infelizmente não terá sequência, pois segundo o diretor e roteirista australiano, Baz Luhrmann, a série foi cancelada. Foi o que escreveu Baz em uma carta para os fãs da série. O que é muito de se lamentar, pois além de The Get Down ter um elenco cativante, foi exibida como a mais completa e variada demonstração de expressão artística. O criador de The Get Down transita em alguns momentos iniciais, quase que em um realismo mágico, fazendo alusão às artes marciais e citações de grandes clássicos, como Stars Wars. Ele explica a origem do hip-hop.
Tem quem não goste desta “viagem” do cineasta, mas acho que a arte tem muito disto, a capacidade de fantasiar a realidade.
“Busque alguém que ative suas chamas” – Este é o título do segundo capítulo. A partir daí inicia demonstrações menos fantasiosas e mais realistas da trama.
A história criada por Baz Luhrmann e Stephen Adly Guirgis, se passa no South Bronx, localizado na cidade de Nova Iorque. Nos permite fazer uma analogia ao momento triste que o Brasil se encontra, pois mostra o exato momento de uma crise generalizada na cidade da Big Apple, recriando todo o cenário do que era os Estados Unidos naquela época.
Uma época tomada pela violência em meio à explosão do tráfico de cocaína, o consumo de heroína e o grande vilão dos usuários com menos recursos, o crack. Assim como foi proliferado na cidade de Nova York, vemos hoje ceifar diversas vidas nas esquinas das grandes metrópoles brasileiras.
O abandono dos prédios residenciais do Bronx e o incêndio intencional dos mesmos para que os proprietários pudessem receber o dinheiro de seguros, mostra também o apagão que deixou a cidade às escuras por quase dois dias, levando a comunidade saquear lojas e supermercados. Período que também a violência entre gangues e a repressão policial se alastrava e fazia parte do cotidiano como é hoje em dia, no Brasil. O que serviu de plano de fundo para a série.
E é onde aquela música do racionais que fala que até no lixão nasce flor, caberia perfeitamente, pois através da arte a cidade renasce com uma nova vertente musical, o Hip- hop, em contrapartida a Disco Music vai desaparecendo aos poucos.
Como toda mudança causa estranheza no início, com a Disco music não foi diferente, o filme destaca bastante essa fusão de um estilo para o outro de maneira algumas vezes bem humorada e rica em detalhes – que são mais que encantadores.
“Muito antes de vender milhões de discos e quebrar recordes de reprodução em serviços de streaming, o hip hop era uma arte exclusiva da periferia. Surgido no final dos anos 1970, em Nova York, o movimento foi comandado por DJs como Grandmaster Flash, Afrika Bambaataa e Kool Herc, que agitavam palcos e pistas de dança improvisados e só podiam ser ouvidos ao vivo. Tentar gravar seus shows para reproduzir em casa ou em uma festinha particular seria um crime para as ruas.” – jornal zero hora
O elenco é composto de sua grande maioria jovens negros e latinos, o que era realmente a realidade do Bronx nos anos 70. Hoje o Bronx que o único bairro de Nova York que a maioria dos habitantes se identifica como Hispano. Segundo o Censo Nacional é o lugar mais diverso de todo país.
A série é estrelada por Jaden Smith, como Dizzee, Justice Smith, como Ezekiel, Herizen Guardiola, como Mylene Cruz, Shameik Moore, como Shaolin Fantastic, Skylan Brooks, como Ra- Ra, Tremainr Brown Jr, como Boo- Boo, Jmmy Smith, como Francisco- papa francisco, Yahya Abdul- Mateen, como Cadilac, Giancarlo Esposito, como partor Ramon Cruz, Lilias White, como Big Mamma Fat Any – dona da boate Les inferno, Zabryna Guevara, como Lydia, Steffens Martin, como Yolanda Kipling, como Shirley Rodrigues, como Regina Diaz.
The Get Down é protagonizada por Ezekiel, que chamado de “Books” Figuero (Justice Smith) pelo Shaolin Fantastic(Shameik Moore) por considerá-lo muito inteligente. Ezekiel que é órfão de pai e mãe, perdeu os pais para o crime e conta isso em um dos seus poemas. Tendo que morar com a tia latina e seu marido. Ezequiel é um talentoso poeta que mais tarde vem se tornar MC.
Eis abaixo o Poema que Ezekiel aborda a morte dos pais, o fez ganhar como poeta de destaque, em um concurso realizado na turma da escola:
A trama gira em torno de um grupo de garotos que vivem no Bronx, área mais violenta da cidade de Nova York, na época.
Devido o borbulhão de acontecimentos. O famoso DJ Grandmaster e no outro lado da cidade o cultuado DJ Kool Herc promove block parties( festas de bairro), ou seja, festas underground nos becos escondidos do Bronx, festas estas bem badaladas na época – que só quem fazia parte dos movimentos conhecia e podia frequentar.
Shaolin, o mestre do grafite e também traficante transita nos dois lados e sonha em um dia brilhar como DJ. Recebe um conselho de Grandmaster – que o ensina passo a passo de como ser tornar um DJ, mas diz que para ele avançar como DJ, ele precisa encontrar um poeta. Que no caso, é um MC para que juntos voem.
E é quando ele conhece Ezekiel e seus amigos , os convida para a festa secreta do Grandmaster, conhecida como The Get Down. Chegando na festa Ezequiel é desafiado pelos amigos a subir no palco e mandar rimas, mas na primeira tentativa não obtém sucesso, sendo vaiado e expulso pelos outros mcs, até Shaolin em sua sagacidade master, manda uns passos de Breaking, mais conhecido”Break de chão”( Uma forma de dança free-style, o que requer muita energia atlética e criatividade) e é aclamado pela multidão. O que desperta em Ezequiel confiança para subir no palco novamente. E na segunda vez todos gostam.
Após a festa vão para casa de Shaolin, onde surge a ideia de montarem um grupo, chamado The Get Down Brothers, onde há dança, rimas, e é claro, os remix do DJ que é o Shaolin.
Todos os personagens do The Get Down são fictícios, com exceção de Gradmaster Flash( nome de batismo Joseph Saddler), que é interpretado por Mamoudou Athie e o DJ Kool Herc, interpretado por Eric D. Hill Jr.
Grandmaster Flash é um consagrado DJ do Hip- hop que criou o “scratch”, ou seja, a utilização da agulha dos toca-discos, arranhando o vinil em sentido anti-horário, como um grande invento para o hip hop, sem Grandmaster Flash o remix em vinil não era conhecido. Além disso, Flash entregava um microfone para que os dançarinos pudessem improvisar discursos acompanhando o ritmo da música, uma espécie de repente-eletrônico que ficou conhecido como Rap( rimas emprovisadas, mais conhecida como Freestyle). E o DJ Kool Herk é um consagrado DJ jamaicano que considerado o fundador da “cultura Hip- hop.”
Dentro de um contexto marcado pela falta de perspectiva, exclusão social, criminalidade. A religião também é bastante destacada em The Get Down, mostra como forma de refúgio e também como as pessoas são envolvidas pela hipocrisia.
Mylene Cruz, o grande amor e mais tarde namorada de Ezekiel, sonha em ser uma estrela da Disco music, como foi Donna Summer, e deixar de vez a vida decadente do subúrbio, o que a afasta no início de se envolver com o pobre Ezekiel.
Os pais de Mylene são evangélicos, o pai pastor não concorda com o sonho da jovem de cantar Disco Music, dizendo serem ” musicas do Diabo”, permitindo que Mylene cantasse somente músicas religiosas, pois assim a filha atraía mais fiéis para a igreja.
Até que um dia seu padrinho vendo seu desespero, decidi dar um empurrãozinho e marca com o produtor – que ele não sabe que já está falido, Jackie Moreno, interpretado por Kevin Corrigan, que veja sua sobrinha cantar na igreja. Foi quando Mylene cantou seu som de libertação e onde tudo começou a mudar na vida de aspirante a cantora.
Em meio a trajetória musical de Malyne acontecem muitas coisas importantes e surpreendentes envolvendo sua família, que não vou contar aqui.
A homossexualidade em The Get Down é abordada de uma forma sutil e bastante poética na série. O personagem Dizze, que é interpretado por Jaden Smith( Que por sinal, interpreta muito bem) é um grafiteiro que usa o nickname de grafiteiro do persa, Rumi, se apaixona por outro grafiteiro de nome Thor, interpretado por Noah Le Gros. Tudo se inicia quando Thor e Dizze grafitam em trens velhos, e de repente a polícia aparece. Thor por ter grande experiência em fugir da polícia, e ser sempre despistado por ser branco, ajuda Dizze a fugir e se esconder. Quando se apresentam e começam a conversar, descobrem que um admira demais o grafite do outro. Dizze explica o que é o personagem Rumi para ele em seus grafites e Thor fica admirado.
Dizze: [Rumi] é este alienígena que sempre parece que está indo para a ópera, mas nunca chega lá. E ele sabe que, assim que ele chegar na ópera, mesmo que ele tenha um chapéu bonito e possua um milhão de dólares, não importa, ele ainda vai assustar a todos. E eles o matarão.”
Thor: Você é um maldito gênio.
Assim se aproximam cada vez mais e se apaixonam. Até eu me apaixonei por ele depois desta profunda explicação que alude muito a falsa democracia racial em nossa sociedade. 😍
No decorrer da trama, mais tarde Thor leva uma fita remixada da irmã de Dizze, a Yolanda, que é amiga e que faz trio com Malyne e Regina, para a boate gay alternativa e é nesse momento que Malyne passa a decolar na sua carreira musical.
Ezekiel por se um rapaz inteligente, eloquente e bastante talentoso, ganha a oportunidade de trabalhar com o candidato a prefeito da cidade. E é usado como instrumento de demagogia, o porta voz da periferia.
Ele alimenta aquele discurso recheado de falácias da meritocracia, do menino preto e pobre que deu certo. Que diz que se ele conseguiu, o outro preto se esforçando também consegue.
O que o permite transitar entre os dois mundos. Ou seja, as duas realidades, o lado dos ricos e o lado dos pobres. É um verdadeiro representante do “caviar e ovo frito.”😁
A série é muita rica e bonita. É recheada de peculiaridades sociais muito interessantes, mas que também não difere em nada de atitudes de políticos nos dias atuais .
Eu hiper indico, pois é de se apaixonar. Vou deixar aqui embaixo o trailer para que possam ter um pouquinho da ideia o quanto o é apaixonante.
“Uma Vida vivida com medo, é uma vida vivida pela metade.”
E você já assistiu The Get Down? Conte aqui o que achou? Beijo e até a próxima!🤗🌹
Muito legal as dicas!!
CurtirCurtido por 1 pessoa
Que bom que gostou, Juliane. Um beijo🌹
CurtirCurtir