Oi, gente!
Hoje iremos falar de Teatro. Quem aí conhece Traga- me a cabeça de Lima Barreto? Sexta-feira passada tive o prazer de assistir este maravilhoso espetáculo, no teatro Carlos Gomes, aqui, no Rio de Janeiro.
Bem, a peça aborda a vida, a obra, injustiças, preconceitos vividos e morte do grande escritor Lima Barreto.
Afonso Henriques de Lima Barreto foi um escritor e jornalista brasileiro que surpreendeu e indignou a sociedade preconceituosa do século XX.
Lima Barreto Nasceu no Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1881 e morreu em 01 de novembro de 1922.
O escritor escreveu romances, contos, crônicas, sátiras e periódicos. Tendo a maior parte de sua obra publicada póstuma. O que o fez ser aclamado e eternizado através da sua obra.
Em vida Lima Barreto sofreu uma infinidade de preconceitos. Homem negro e pobre era hostilizado pela sociedade burguesa e pelos outros escritores de seu tempo. Sendo considerado sempre um escritor medíocre. Assim nunca conseguindo alcançar o devido prestígio em vida.
Toda sua obra foi impregnada de inquietação, rebeldia e a preocupação em abordar importantes fatos históricos e costumes sociais. Destacando sempre o cotidiano das classes menos favorecidas, muitos até apresentando traços nítidos autobiográficos.
Devido as conturbações que a vida o ofereceu. Lima Barreto tornou-se alcoólatra, na sequência entrou em depressão, o que levou-o duas vez a ser internado no hospício.
Quando Lima Barreto ainda estava iniciando sua carreira, Machado de Assis já era um escritor consagrado, também pelo fato de ser antecessor. E usar uma linguagem resbuscada ao contrário de Lima Barreto que tinha prazer de usar uma linguagem coloquial.
Ambos talentosos e com diversos pontos em comum, mas os escritores não se cruzavam, tanto que em 1921 Lima Barreto agradece a Austregésilo de Atraíde por “separá-lo” de Machado de Assis, pois não lhe agradavam as comparações.
O que é interessante nisso tudo é que quase sempre é encontramos na arte, principalmente na literatura, expressões da vida real, como vemos em o O Alienista, de Machado de Assis. Onde pessoas “normais” eram internadas no hospício por lutarem contra o sistema assim como aconteceu com Lima Barreto.
Traga-me a cabeça de Lima Barreto é um monólogo teatral – sendo estreado no dia 14 de abril de 2017 em celebração os 135 anos do nascimento de Lima Barreto. Nesse ano Lima Barreto também foi o escritor homenageado na FLIP, em Paraty. E tem agora mais uma temporada com quatro sessões.
Dições
Traga- me a cabeça de Lima Barreto é um trabalho teatral da Companhia teatral negro contemporâneo Cia dos Comuns, com direção de Fernanda Julia( do Nata- Núcleo Afrobrasileiro de Teatro de Alagoinhas) e dramaturgia de Luiz Mafuns.
O monólogo é interpretado pelo ator e criador da companhia Hilton Cobra que também completou 40 anos de carreira esse ano- ator este que incorpora muito bem o personagem de Lima Barreto.

A peça evidência os preconceitos vivenciados por Lima Barreto, principalmente o racial, pois expõe as ideologias eugenistas na época. O cume do monólogo se apresenta quando o escritor morre e os eugenistas pedem que exumem seu cadáver para que seja feita uma autópsia para que pudessem tentar descobrir como um cérebro de raça inferior, conseguia produzir tantas obras literárias, já que o privilégio de criação artística pertencia as raças superiores.
É uma peça emocionante e muito bonita, mas também apresenta uma realidade lamentável, pois evidencia como a sociedade conseguiu ser cruel e injusta ao longo dos tempos.
Até quando teremos racismo? Estamos no século XXI, mas ainda hoje vivemos a falsa democracia racial. O mito de quem quer consegue e as falácias de que falar sobre racismo é vitimismo ou “mimimi”, pois no Brasil racismo é estrutural e institucionalizado há mais de 500 anos.
Isto precisa mudar, por isso vamos sim aplaudir Lima Barreto que foi símbolo de superação e resistência, o espetáculo e todos envolvidos e toda luta e Resistência Negra ao longo da história.