Recentemente fiz uma postagem sobre a Flip- Festa Literária Internacional de Paraty , mas observando que a postagem ficara muito longa, decidi dividi- la em duas partes. Nesta postagem, saberemos mais sobre essa cidade cheia de encanto. Se você ainda não leu a postagem que fala sobre a Flip click aqui.
Paraty foi considerada Patrimônio Estadual em 1945, tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1958 e convertida em Monumento Nacional em 1966.
“A data de fundação de Paraty diverge de historiador para historiador. Uns falam que em 1540/1560 já havia um núcleo devotado a São Roque no Morro da Vila Velha (hoje Morro do Forte ); outros, de 1597, quando Martim Correa de Sá empreende uma expedição contra os índios guaianás do
Vale do Paraíba; alguns outros, de 1600, quando havia um povoamento de paulistas da Capitania de São Vicente; e alguns mais, 1606, quando da chegada dos primeiros sesmeiros da Capitania de Itanhahém – que, acredita-se, venha a ser a origem do povoamento como, grosso modo, foi o sistema de Capitanias Hereditárias a base da exploração dos bens naturais, defesa e fixação do homem à terra no Brasil” Paraty.com.br
Conheci um pouco de Paraty – cidade belíssima, porém com bizarras curiosidades da época da escravidão.
Paraty é localizada no litoral do estado do Rio de Janeiro – fica a 258 quilômetros da cidade do Rio de Janeiro.
Não é à toa que Paraty tem a cara de Ouro Preto e vice-versa. É que no século XVII, depois de muita procura, os bandeirantes descobrem Vila Rica( atual Ouro Preto) e também Diamantina, ambas na linda Minas Gerais.
O rei Dom João V manda fazer a estrada real – de mão dupla que ligava Paraty com povoados e vilas, passando por regiões de ouro e diamante.
Com o fim do século do ouro, Paraty se manteve com a produção de cachaça, que é considerada até hoje uma das melhores do país. Já no século XIX a cidade se revigorou com as plantações de café.
Paraty é uma cidade colonial que traz bastante história em suas ruelas. Sua arquitetura nos leva de volta ao passado, nos fazendo lembrar a época de ouro do Brasil. Apesar de ser uma cidade incrivelmente encantadora, com ruelas e construções do século 17, 18 e 19, desperta um pouco de tristeza quando nos aprofundamos um pouco mais em sua história.
No passado, as ruas de Paraty não eram tão aprazíveis, como hoje em dia, pois era insalubres, não havia banheiros, fezes e urinas ficavam espalhadas pelas ruas. Sendo a cidade limpa somente quando a maré subia e inundava a cidade, ainda hoje a maré sobe em Paraty, mas inunda somente o primeiro quarteirão, pois hoje há saneamento básico.
Em algumas partes podemos visualizar marcas nas paredes de até onde a água chega quando a maré sobe hoje em dia.
Paraty na língua tupi, significa ” peixe de rio” ou ” viveiro de peixes”, era o nome que os índios guaianás davam ao local onde hoje se situa a cidade.
Naquele tempo e ainda hoje, os paratis ( peixe de família das tainhas – Mugil Brasiliensis) vem durante o inverno desovar e procriar nos rios que desembocam na baía de Paraty e procriar nos rios e depois voltam ao mar.
Há muita arte na cidade de Paraty, bares com música ao vivo, casebres coloniais transformados em restaurantes, rodas de maracatu e jongo nas esquinas, estátuas humanas e diversos trabalhos artesanais feitos pelos índios espalhados pelas ruas da cidade.
Por falar em índios, uma dos grandes encantos de Paraty são os indígenas que encontramos por lá. Em Paraty há duas aldeias Guarani, a Tekon Tatin e a Nhandeva. Há muitos outros indígenas que vem de aldeias de outras cidades como Ilha Grande e Angra dos Reis. Que é o caso da Aldeia Sapukai, meninas encantadoras que tive o prazer de conhecer, e de aprender com elas algumas frases em Guarani.
Combinei com elas de voltar em breve e visitar a aldeia Sapukai. Estas meninas são tão encantadoras que elas me viram na rodoviária dias depois e vieram falar comigo me chamando pelo nome. Uma das índiazinhas me deu um nome carinhoso em guarani.😭❤️



Algo que vale muito a pena fazer na cidade histórica é um passeio de charrete, talvez leve menos de 10 minutos, mas tempo suficiente para ouvir do cocheiro informações peculiares, intrigantes e muito interessantes da época colonial, a maioria dá um certo aperto no peito, pois é de um Brasil escravocrata que tratava os negros como máquinas, uma delas é sobre as telhas da cidade, que no passado, eram feitas nas coxas dos escravos, principalmente, mulheres escravas.
Por isso a expressão idiomática ” nas coxas”, quando querem se referir a algo feito às pressas, pois por cada escravo ter um físico diferente, as telhas saiam irregulares e os telhados ficavam desnivelados.
A expressão ” sem eira e nem beira” também vem da época do Brasil Colônia. Termo que era usado para definir status na arquitetura colonial.
Hoje em dia é usado para dizer que a pessoa não tem rumo, não tem nada, no passado, já era usado com um significado bastante curioso.
A palavra “eira” vem do latim ” área” que tinha como significado espaço de terra batida, lajeada ou cimentada, próximo as aldeias portuguesas, onde se malhavam, trilhavam, limpavam e secavam cereais.
Em sequência os cereais ficavam ao ar livre e ao sol, a fim de serem preparados para a alimentação ou para serem armazenados. Assim então chegou ao Brasil se referindo a quem possuísse somente a “eira”, era considerado pobre, quem tinha a ” eira e a beira” era mais ou menos, possivelmente um classe média, hoje em dia. rs
E quem possuía a ” eira”, a “beira” e “tribeira” era proprietário e produtor, com casas e bens. Já que a “beira” é a aba da casa, parte do telhado que protege da chuva. Já quem não tinha ” eira e nem beira” não possuía terras e nem era dono de casas, ou seja, pobre, que provavelmente morava alugado ou até mesmo não possuía moradia, que era o caso dos escravos. Por esse motivo era colocado três níveis de telhados nas casas coloniais demonstrando riqueza.
Paraty foi uma cidade urbanizada por maçons, podemos observar em suas construções, figuras geométricas e as portas e janelas em cores azul e branco. São mais um símbolo maçônico. Chamado de azul hortênsia da maçonaria simbólica.
As varandas das casas maçônicas tinham abacaxis pendurados, mostrando que aquela pessoa era rica.
Ainda hoje há uma casa com abacaxis pendurados na varanda, que significava que quem habitava era de origem nobre ou tornou-se.
O abacaxi não tem significado maçônico, mas significa nobreza, pois é amarelo como o ouro, a coroa do abacaxi simboliza a realeza que significava boa sorte, prosperidade e hospitalidade.
A igreja Nossa Senhora do Rosário dos homens pretos e São Benedito, foi a igreja que mais teve a mão de obra escrava na sua construção, que teve início no ano de 1725. Os escravos só podiam frequentar esta igreja. Por isso passou a ser chamada de igreja dos escravos.
Vale lembrar que entre muitas pessoas más, há sempre pessoas boas. Dona Geralda foi um exemplo disso. Uma rica herdeira de seu pai, Roque José da Silva, que viveu em Paraty. Dona Geralda doava dinheiro aos escravos, pobres famílias e distribuía esmolas no intuito de ajudá- los a sobreviver.
Ajudou também a concluir a igreja da Matriz assim que estava para ser terminada. Por seus benevolentes feitos a prefeitura de Paraty, em 1882, enviou à sua casa um comunicado de que a rua do mercado passaria a se chamar rua da Dona Geralda em sua homenagem.
Quando a dona Geralda morreu parte do seu dinheiro foi doado para casa de misericórdia e seus bens para para amigos e escravos com a condição de que quando eles morressem, as terras também passariam ser propriedades da Santa Casa.
As ruas do centro histórico são de pedras irregulares, conhecidas como ” pé de moleque” onde se acredita que deu origem ao nome do doce pé de moleque, pois era nas ruas que as quituteiras vendiam os doces que lembram um calçamento irregular.
A segunda explicação de que enquanto era vendido, meninos furtavam os doces. E para diminuir o incidente as vendedoras diziam aos meninos ” pede, moleque!” ao invés de furtar. rs O que deu origem ao nome do doce pé de moleque.
“O centro histórico, considerado pela UNESCO como O conjunto arquitetônico mais harmonioso é patrimônio nacional tombado pela IPHAN.”
As ruas do Centro histórico são demarcadas por correntes em saídas principais, assim impedindo o trânsito de automóveis, o que ajuda a conservar a cidade neste estilo colonial.
Dizem que há alguns lugares em Paraty que é imprescindível conhecer, são eles Caminho do Ouro e as praias de trindade, infelizmente não tive o prazer de conhecer, pois fui em período de festividade, a famosa feira literária internacional de Paraty, a FLIP, sendo assim não tive a oportunidade de conhecer tais lugares.
Só para citar um pouquinho de praia, venho destacar uma praia que fica na cidade de Paraty mesmo. A praia do Pontal. A areia não é muito limpa, mas vi algumas pessoas nadando. Recomendo como um lugar para sentar e beber um drink e conversar um pouco.
Bem, acho que a postagem finaliza por aqui, espero que tenham gostado de conhecer um pouco deste lugar que transborda cultura. Eu adorei e espero em breve voltar para conhecer as praias de Trindade e cominho do Ouro.

E você já esteve em Paraty? Conheceu a Flip? Compartilhe aqui sua experiência.
Um beijo e até a próxima!!💐 🤗
Olá, fui à Parati há uns dez anos atrás, essas fotos regressaram minha mente. Fiquei com vontade de visitar a Flip e ir na tribo. Abraço 🙋🏽♀️
Ah um toque, o texto está com problemas de formatação, aparecem uns códigos de sistema.
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Olá, Critileine. Td bem? Espero que sim. Desejo que consiga ir, e possa compartilhar conosco a experiência. 😊
Ah, muito obrigada pelo toque, vou verificar o que houve.
Abs!⚘😘
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