Ninguém além de nós mesmos pode libertar nossas mentes

Oi, gente!

Há um texto muito famoso que muitos acreditam ser do cantor Bob Marley, porém é de Haile Salassie, Ras Tafari, nome este que deu origem ao movimento religioso e político, Rastafári.

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Enquanto a filosofia que declara uma raça superior não for finalmente e permanentemente desacreditada e abandonada; enquanto não deixarem de existir cidadãos de primeira e segunda categoria de qualquer nação; enquanto a cor da pele de uma pessoa for mais importante que a cor dos seus olhos; enquanto não forem garantidos a todos por igual os direitos humanos básicos, sem olhar a raças, até esse dia, os sonhos de paz duradoura, cidadania mundial e governo de uma moral internacional irão continuar a ser uma ilusão fugaz, a ser perseguida, mas nunca alcançada.”

Entretanto os relatos de racismo recorrente continuam em nossa sociedade. Em pleno século XXI, ainda há pessoas acreditando em uma suposta superioridade racial. Apesar de todo o histórico de destruição que o racismo nos trouxe com a escravidão e o holocausto, ainda hoje, nos deparamos com preconceitos raciais em diferentes áreas da sociedade. Inclusive, no circuito Fashion.

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Foto reproduzida do Premier Model Menagement

Bem como, modelos sofrem intensamente com o racismo, que já se inicia no casting, pois há sempre um número limitado de modelos- como se colocassem uma ou duas, somente para dizer que colocou, mas nunca há um equilíbrio étnico. O preconceito racial tem sequência no backstage, segue e vai além  dos limites da passarela.
O racismo é cruel, mata, desestabiliza, destrói identidades, arruína sonhos, derruba autoestima, impede  oportunidades, porém ele só existe, porque alguém permite que ele ganhe vida.

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Foto reproduzida do site theblackbeauties.

Recentemente, na semana de moda de Paris, a modelo Londone Myers postou um vídeo em time-lapse no seu instagram, onde mostra ela esperando sentada durante um backstage de um desfile à preparação de seu cabelo. Enquanto atrás dela, a gravação exibe grupos de modelos brancas tendo fios cuidados.

Assim, durante todo o vídeo ela fica esperando, praticamente esquecida pelos cabeleireiros ao redor. Na legenda, ela afirma: “eu não preciso de tratamento especial de ninguém. O que eu preciso é que hairstylists aprendam a cuidar do cabelo de pessoas negras. Estou cansada de ter meu cabelo evitado durante os backstages. Como se atrevem a me enviar para a passarela sem cuidados? Todos sabem que se isso acontecesse com uma modelo branca, a equipe não seria chamada novamente.”

A equipe não se posicionou, porém a questão é que profissionais
“nominados” não sabem lidar com cabelos crespos, pois não há uma preparação, há uma ausência de qualificações para atender a diversidade capilar das modelos- o que é um absurdo e inadmissível, pois um profissional de verdade, precisa estar preparado para qualquer trabalho mesmo que isso seja um desafio.

No entanto cuidar e produzir um cabelo afro não é tão difícil como se imagina, o que é difícil mesmo é o preconceito enraizado na sociedade.

No filme Eu sou a lenda, o personagem de Will Smith conta um fato real que aconteceu com o cantor de reggae, Bob Marley, em 1976.

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Foto reproduzida do site Letra de música

Will Smith relata que depois que Bob Marley sofreu uma tentativa de homicídio, dois dias depois, foi fazer um show, e alguém perguntou porquê. Ele respondeu; “ – as pessoas que estão tentando fazer deste mundo, um mundo pior, não tiram um dia de folga, e por quê eu devo tirar? Iluminem a escuridão.”
Assim, ele acrescentou que Bob Marley acreditava que podia curar o racismo através da música. Injetando apenas música e amor na vida das pessoas.
Eu tentei encontrar algo escrito onde realmente Bob Marley afirmava isso, mas não encontrei, porém devido a filosofia rastafari, que prega o amor, a positividade, a união e o reconhecimento da humanidade em todos, não é de se duvidar que realmente o grande rei do reggae acreditava nisso.

Sendo assim, Bob Marley foi o rastafári mais influente da história. Um grande símbolo de amor e luta, respeito, união e democracia racial. E a luta dele era através da música, assim como acontece com a poesia e outros gêneros artísticos.

Em 163 anos, pela primeira vez a Louis Vuitton tem uma modelo negra abrindo seu desfile.

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Foto reproduzida do instagram

Eu não sei se posso comemorar como fez a modelo Janaye Furman, pois esperar todo esse tempo para se ter uma negra na abertura de um desfile é realmente deprimente .

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Foto reproduzida do Blog Algodão Egípcio

 

Sabemos que grifes como Louis Vuitton, são grifes hiper elitistas, mas acredito que marcas consolidadas como esta tinham que dar exemplo de diversidade e não continuarem a fomentar o racismo no mundo.

Entretanto estava mais do que na hora de a conceituada Louis Vuitton tomar vergonha na cara, provavelmente eles estavam pouco se lixando e talvez ainda estão, porém antes tarde do que nunca.

Assim espero que outras grifes sigam este recente “ fenômeno”, e não tenham que esperar 163 anos para por uma modelo negra abrindo um desfile.
Portanto para comemorar irei citar a designer nigeriana, Maki Osakwe, da Maki – que sempre tem como temática em suas coleções focadas na história e cultura negra, em setembro, lançamento da moda verão 2017, ela fez um desfile somente com modelos negras.

 


Dessa maneira já é apenas um passo e que espero que muito em breve seja um salto de equidade e respeito, pois crianças e mulheres negras precisam se ver, o mundo não pode continuar somente branco.

Há necessidade de haver um reestruturação para que seja quebrado este racismo que é institucionalizado.
É primitivo acreditar que há superioridade de uma raça sobre a outra.

Entretanto há ausência de base substancial para justificar que é vitimismo quando o negro abre abre a boca para reivindicar seu direito por igualdade.

Hoje, destaquei apenas o mundo da moda, mas infelizmente é uma doença generalizada, que encontramos em todas as áreas, pois o racismo tem a ver com a estrutura, e esta mesma estrutura,  o sistema mata, oprime, mas há necessidade de junção de forças para que seja fomentado que qualquer tipo de preconceito é uma forma de agressão e desrespeito ao ser humano.
Recai sobre o ser humano, portanto, o compromisso de administrar com mais consciência as mudanças de atitudes mediantes ao racismo. Ninguém tem o poder de obrigar o outro a mudar de pensamento ou iniciativa, pode sim transmitir através da poesia e música, assim como fez Bob Marley, a mensagem de amor.

Em Redemption Song – ele canta:
“Libertem-se da escravidão mental. Ninguém além de nós mesmos pode libertar nossas mentes” Esta é uma estrofe de uma dos grandes sucessos de Bob Marley. Se mantém vivo através da sua obra.

 

Se você tiver algo a dizer sobre este assunto, não deixe de comentar. Um beijo e até a próxima!✌❤

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3 comentários em “Ninguém além de nós mesmos pode libertar nossas mentes

  1. Belíssimo texto Alessandra, Parabéns ! Somente nós podemos libertar nossas mentes. Creio que todo preconceito está relacionada com a falta de amor mesmo… quem ama cuida, não maltrata. No mundo onde vimos um indivíduo atirar em mais de 500 pessoas matando 49 delas e uma outra colocar fogo em várias criancinhas, podemos constatar que é na falta de amor que o mal ganha força. Bob estava certo… não devemos tirar folga, iluminemos a escuridão. Obrigado por compartilhar esta pérola… beijo no coração!

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